03 dezembro 2019

I'm unstoppable today

Oi gente!
Hoje criei forças para vir aqui no blog conversar com vocês. Na verdade, desabafar e contar um pouco mais sobre a minha vida. Resolvi fazer isso depois de ouvir várias pessoas me incentivando a contar minha história, pois serviria de exemplo para muitos. Escolhi como título dessa postagem uma música que eu estou apaixonada e que me motiva a cada dia: Sia é uma diva e essa canção é uma das mais lindas que ela já fez. 

O título da postagem não foi a toa... hoje posso dizer que sou forte e invencível. Quem diria que uma guria como eu, considerada "Zé Mané", "Zero à esquerda" iria conseguir concluir com sucesso o ensino superior de direito? Quem diria que conseguiria passar na OAB de primeira, conseguiria driblar a depressão profunda e dar a volta por cima (das notas baixas, tiraria as melhores notas finais).


Não foi fácil... enquanto escrevo, muitas lágrimas rolam no meu rosto, mas é de felicidade, orgulho próprio e admiração. Porque quem tem depressão sabe que não é fácil se erguer quando a queda é brusca, não é fácil deixar os pensamentos ruins de lado para conseguir focar no presente, quando as crises surgem, não enxergamos nossas qualidades, esforços e esquecemos que com amor, dedicação e força de vontade a gente consegue chegar lá. 

Hoje, posso dizer que concluí meu curso de direito, foram 5 anos de luta, tem muita lágima minha espalhada naquela faculdade, nos ônibus que eu pegava diariamente... Para quem não sabe, quando meu pai morreu em 2016, eu não queria mais estudar, estava no 3º período do curso. Minha mãe me obrigou a continuar, mesmo sendo difícil. Então, foi prosseguindo com lágrimas, dor, saudade e tive que me esforçar muito. Era a dor de perder um pai e uma dor de não ter o namorado que desse valor para mim na época. 

Como se não bastasse, 6 meses após a morte do meu pai, o INSS cortou o benefício da minha mãe e foram 3 anos lutando na justiça para ter o reconhecimento do direito dela como dependente e viúva. Traduzindo... além de ter perdido contato com muitas pessoas da família que não quiseram mais saber da gente e dos vizinhos olhando com desprezo... passamos por dificuldade financeira. Foram 3 anos de vida regrada, dinheiro contado, dormindo no chão... Como eu não conseguia emprego e tampouco estágio na minha área, para ajudar em casa, vendi todas as minhas coisas: Roupas, sapatos, guarda-roupa, escrivaninha, aspirador de pó (que era para o carro que meu pai iria me presentear), celular, cama, notebook... Foram 3 anos usando as mesmas roupas repetidas, o mesmo sapatinho surrado... Tinha chegado um tempo que nós sobrevivíamos vendendo as coisas de casa, recebendo dinheiro por publicidades feitas aqui no blog, e quando esses recursos se esgotavam, precisávamos da ajuda de terceiros, foi aí que vimos o lado mais lindo da humanidade. 


Muitas pessoas da faculdade me ajudaram a continuar estudando (davam até dinheiro de passagem quando eu não tinha para o dia/semana seguinte), tentaram me arrumar emprego, mas sem sucesso... foi quando em 2018, meados setembro, a defensoria pública lançou um edital de aprovados e tinha o meu nome lá, em 3º lugar. Foi uma dádiva, uma conquista surreal. Quando eu tinha desistido de encontrar um estágio, Deus me deu o estágio perfeito. Hoje, trabalho na defensoria pública na área da Lei Maria da Penha e sou muito grata pela oportunidade que tive de ter capacidade, ajudar minha família financeiramente, aprender a área jurídica na prática e principalmente aprender a ajudar os outros, da mesma forma que um dia minha família e eu precisamos de ajuda. Reciprocidade.

E aí, com o valor que eu recebia, ajudava em casa, ficava orgulhosa quando eu recebia e ia no mercado fazer compras... enchia o carrinho e pagava com meu dinheiro. Nunca esqueço de quando eu recebi o valor integral, eu dei um grito na área de refeição da faculdade, porque eu tava muito feliz e na expectativa de receber, depois de 1 mês trabalhando. Depois tudo foi se aperfeiçoando... até que em março desse ano, ganhamos a ação na justiça. Minha vida se estabilizou nessa época. Tudo que tive que abrir mão, eu consegui suprir (com coisas de excelente qualidade), me dei privilégios em ir a lugares sofisticados, comprar roupas que eu gostava (independentemente do preço), a sair de carro todos os dias para ir fazer prova ou ir ao estágio, frequentar uma das melhores academias de BH, poder gastar sem se importar em limitação, porque a nossa vida tinha se estabilizado e nunca mais passaríamos por dificuldades financeiras. 

Até que em setembro, no 10º período, tendo tudo do bom e do melhor, realizando sonhos, com a "vida perfeita e nos trilhos" veio algo muito forte na minha vida... a depressão profunda. Mesmo tendo dinheiro, amigos, família, um bom emprego e estar na reta final do curso... fui atingida por um vazio imenso, desânimo de estudar, de fazer as coisas que eu mais amava (ouvir música, conversar com os amigos, escrever no blog, estudar, fazer atividades físicas...). Eu pensava 24 horas em suicídio, porque eu tinha tudo e não era feliz. Qualquer pessoa no meu lugar ficaria feliz pelas conquistas e tantas coisas boas que estavam acontecendo... mas eu não tinha energia para ficar bem. Eu deitava na cama, chorava, me sentia uma inútil e imprestável, era como se eu não merecesse viver, por ser uma inutilidade na Terra e um incômodo para minha família e pessoas ao meu redor. Foi aí que, antes de tentar suicídio (tinha vontade mas coragem não, sabe?), eu procurei o núcleo de apoio da faculdade, fui atendida por um psicólogo que possui deficiência visual e enquanto eu falava e me expressava, ele me diagnosticou com princípio de depressão profunda e ideações suicidas extremas... Além disso, ele me recomendou um psiquiatra de imediato, preferencialmente um especialista reconhecido em BH. Saí em choque da faculdade, liguei para minha mãe, fui para a casa e chorei mais ainda. No dia seguinte, consegui marcar consulta com o psiquiatra. Ele me consultou (foi uma terapia, eu estava muito abatida, desnorteada, lembro que na sala dele eu só olhava para baixo e chorava), me medicou e fomos para a casa depois. Nesse dia, minha mãe gastou mais de mil reais comigo: com preços da consulta, remédios controlados e transporte. Percebi que o que minha mãe fez foi um ato de amor, não se importou em gastar dinheiro comigo, porque ela queria me ver bem e viva. 

Depois, os medicamentos me deixavam muito dopada, não conseguia ir às aulas, só ia para o estágio e voltava para a casa. Foi aí que minhas notas foram decaindo e por um triz eu não perdi o semestre. Tive ajuda de duas pessoas maravilhosas e que foram verdadeiras anjas na minha vida: Lari e Lu. Sem elas me dando apoio e me ajudando nas matérias, eu estaria perdida. Após 1 mês de tratamento, voltei ao psiquiatra, ele me achou bem melhor que antes e trocou meus medicamentos. Hoje estou melhor, em vista de antes e orgulhosa de mim mesma, porque encontrei forças para continuar em frente e não desistir de mim. 


Ontem eu chorei igual bebê porque a "ficha caiu" que estou formada no curso... basta esperar o mês de março para buscar o diploma. Sou a primeira da família da minha mãe a se formar no ensino superior. Não sou de família rica, mas devo confessar que tive muita regalia na vida, até que eu perdi quando meu pai faleceu... o lado bom da dificuldade, foi que eu pude ver que ainda existe gente boa nesse mundo, pude reconhecer o valor do trabalho, o valor do estudo e ser grata pelas pequenas coisas que vinham na minha vida, seja uma roupa, uma comida, um sono tranquilo, etc. 

É uma baita duma história que ocultei por anos... mas hoje me sinto preparada para contar porque fez parte da minha vida e foram essas dores que cicatrizaram e me fizeram ser o que sou hoje... Aprendi a acreditar na minha capacidade, aprendi a amar os estudos, as oportunidades e o trabalho. Aprendi a ser mais humana e mais humilde. Dinheiro não é tudo nessa vida, há coisas mais importantes que isso. Ter uma vida confortável é muito bom, estar nesse patamar é difícil, mas não impossível. 

De agora em diante eu pretendo só crescer e apostar em mim mesma (mesmo eu sendo depressiva assumida, medrosa, tímida... eu encaro com medo, com dor e com temor, pois sei que um dia vou conseguir chegar lá), aprendi a sonhar os sonhos de Deus (renegar minhas vontades quando não dão certas, porque Deus tem algo melhor para mim, no tempo Dele). 

Deixo essa mensagem-depoimento-desabafo para vocês, que eu sirva de exemplo como fui para muitos. Foi difícil acreditar em mim mesma, mas quando olhei para trás, vi tudo que passei e onde cheguei, chorei porque foram através das dificuldades que me tornei o que sou hoje, e espero que as conquistas nunca se acabem. 


Até a próxima!
Beijos.


9 comentários:

  1. História de persistência e garra, não é fraqueza nem vergonha admitir que nem sempre a gente tá bem, senti sua sinceridade em cada palavra do texto. Fico muito feliz que tenha conseguido se reeguer, principalmente no seu lado emocional, mas também por ter concluído sua faculdade, ter passado na OAB e estar no estágio dos seus sonhos.
    Você vai conquistar muita coisa ainda! Deus está com você!

    Ganhou uma seguidora, bjs

    https://memoriaseoutrascoisas.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  2. Oi, querida Leidi, Lady!

    Que bom foi saber de você!

    Parabéns pelo seu post. Agora, fiquei admirando você ainda mais.

    Sua vida dava um livro, após 2016, mas você, agora, está forte, invencível e determinada.

    Parabéns por conseguir seu curso, também, Sra. Advogada!

    Lhe desejo tudo de bom e que continue feliz desse jeito.

    Beijos e dias bem felizes.

    ResponderExcluir
  3. Parabéns, você foi incrível.
    Deus te abençoe e que seja o começo de lindas coisas ♥
    Beijinhos ;*

    Blog Menina Caprichosa | Canal Youtube | Facebook | Insta

    ResponderExcluir
  4. Leide, parabéns pelas suas conquistas. Depressão não é brincadeira, mas você ter conseguido superá-la e ainda conquistar tudo o que conseguiu, tem que se orgulhar mesmo!

    Beijo.
    Cores do Vício

    ResponderExcluir
  5. Lady, me emocionei com o seu relato!! Parabéns por essa vitória e caso precise conversar pode contar comigo. :)

    Um beijo,

    www.purestyle.com.br

    ResponderExcluir
  6. Le, como você foi forte, como você foi guerreira. Por mais que estivesse destruída, não aceitou cair e hoje, Deus te colocou de pé. Tenho certeza que você vai se recuperar. Você conseguiu, mesmo com tantas dificuldades, você conseguiu. Lute para ver o brilho da vida, o quanto as coisas são boas aqui. Você já passou por tantos altos e baixos e mesmo assim, se reergueu. Agora não será diferente!

    https://www.kailagarcia.com

    ResponderExcluir
  7. Obrigada a todas vocês pelo imenso carinho!

    ResponderExcluir
  8. Olá...
    ♥ Muiro linda a sua historia, me lembro do seu blog bem no comecinho pois tinhamos um estilo "paticinha" bem parecido na epoca e ambas moravamos em minas gerais, eu em BH e vc en contagem se eu nao estiver errada...

    sei bem como é perder um pai, a minha vida parecia ter acabado no dia em que eu perdi o meu tambem. Assim como vc tambem enfrentei depressoes e muitos vazios, mas acredito que nada acontece na nossa vida porv acaso e que Deus nunca nos dara um fardo maior que nao possamos suportar.

    Parabens pelas suas conquistas e que voce continue realizando todos os seus sonhos.

    Pinkiss
    by; Renata Princess ♥

    Blog:
    http://renataprincess2.blogspot.com.br

    instagram:
    http://instagram.com/renataprincess2/

    .¸¸.·.¸¸.·.¸¸.·.¸¸.♥·.¸¸.·.¸¸.·.¸¸.·.¸¸.·.¸¸.·.¸¸.·.¸¸.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Reh, saudades dos seus comentários em meu blog.
      Eu lembro que tínhamos muita coisa em comum, entre elas, amar rosa e ser patty, hehe
      Eu moro em BH também, quem mora em Contagem é meu avós.
      Obrigada por todo o carinho viu?

      Excluir